Ao som duma concertina “Dino Baffetti” o genérico arranca. Toca o borrachão. Num caixote do lixo vê-mos muitos processos abandonados. Em redor no meio do fumo, dos maus cheiros e de outros detritos a câmara foca processos mortos, capas destroçadas, folhas rasgadas, sentenças adiadas, o nome de arguidos em prisão domiciliária e um ou outro com a indicação: Arquivar. É um cenário de destruição. A música é agora mais triste, passa o Cume da Serra.
Há um gato que mia e salta de dentro de um dos contentores. Com o barulho um dos processos acorda. Olha em redor e tem um flashback do terrível acidente que lhe aconteceu. Recorda-se vagamente de se encontrar no gabinete do procurador e de ver entrar à socapa um funcionário judicial mascarado de juiz. Distingui-o pela toga que trazia, uma praetexta.
A cena muda e leva-nos agora para uma festa. Três homens conversam. Um deles tem barba e óculos, outro tem óculos e barbicha e o outro não tem nem barba nem óculos nem pelos nas orelhas. Talvez seja por isso que esteja mais triste. Todos bebem redbull. Com o som da concertina de fundo, que passa agora um corridinho, tentamos perceber sobre o que conversam.
- Tudo. E não quero inquéritos Monteiro.