Afinal não é de Jerónimo Martins, morto há cerca de 200 anos, que José Carlos Sousa Martins de 42 anos é filho. O empresário de futebol ofereceu-se para explicar o lapso e convidou-nos para dois dedos de conversa numa das casas mais emblemáticas da invicta, o Pérola Negra.
Sou filho do Mem Martins, essa é a verdade. Como sou uma pessoa humilde e trabalhadora não gosto de andar por aí a gabar-me da minha origem aristocrática. O meu rico paizinho, que agora vive num lar paredes-meias com o Paganini, essa extraordinária casa de variedades que vos recomendo, criou há 480 anos a freguesia a que deu o seu nome é de que somos donos legítimos. Com as nacionalizações esses bandidos tiraram-nos tudo, nem um T0 nos deixaram. Os processos ainda hoje correm no tribunal de Sintra.
Ontem quando a policia me revistou o Ferrari e encontrou os tais sacos do Feira-Nova cheios de dinheiro, que por engano terei trocado na caixa com alguém pois vou todos os dias às compras a esse supermercado em Mem Martins, começaram a fazer muitas perguntas em português, só para me baralhar pois eu na escola tirava sempre boas notas era a francês, e deve ter vindo à baila, nem sei como, o tal Jerónimo Martins que pelos vistos é o dono do supermercado, mas eu juro que nunca o vi lá e se eu vou lá muitas vezes…, e daí a terem deduzido que eu era filho do homem e que tinha ganho o dinheiro no jogo ilegal foi um instante.
Felizmente que o Ricardo, o Jorge Couto, o Hélder, o Sérgio Leite, o Erwin Sanchez e o Jaime Pacheco podem confirmar que tudo isto que vos digo é verdade.