Redige habitualmente em latim, língua que não domina nem tão pouco conhece, artigos científicos que as revistas da especialidade teimam em não publicar. Para a TV7 DIAS e MARIA escreve artigos económicos. No tempo que lhe sobra escreve aqui.
07
Mai 10
jls, às 19:15link do post | comentar


A escuta aqui transcrita, a 173ª a ser mandada destruir, sublevou-se e fugiu do matadouro. Foi encontrada em mau estado por um escuteiro que também fugia. O Bispo que o perseguia, ao polícia que procurava a escuta, apenas disse que ia a Lisboa ver o Papa e que de escutas nada sabia, mas se alguém ouvisse um escuteiro a dizer coisas, que ficasse bem claro que isso era mentira. Os escuteiros são muito fantasiosos, disse ao polícia enquanto ajeitava a batina. Felizmente o escuteiro trazia consigo um telemóvel que não sendo da geração rasca era pelo menos da terceira o que permitiu lançar para a rede a escuta que aqui se transcreve.

 

Sócrates: Vara?

 

Vara: Tou? Godinho?

 

Sócrates: Não pá, sou eu o Chefe?

 

Vara: Godinho?

 

Sócrates: Não porra. É o Zé, o Sócrates.

 

Vara: Zé!? Já podias ter dito. Estava à espera duma chamada.

 

Sócrates: Ainda não memorizaste o meu número?

 

Vara: Eh pá, ainda não. Agora troco de telemóvel 6 vezes ao dia por causa das escutas. Achas que é seguro estarmos a falar?

 

Sócrates: Não há azar, eles destroem antes de ouvirem.

 

Vara: E então, querias alguma coisa?

 

Sócrates: Sim, era para saber como estava a correr o plano.

 

Vara: Qual deles?

 

Sócrates: O principal. O do Génio.

 

Vara: Como previsto. Essa ideia de andar a repetir infinitamente que Portugal não é igual à Grécia é brilhante. De quem é que foi a ideia?

 

Sócrates: Do Mãozinhas.

 

Vara: Do Mãozinhas? Então não foi do Ricardo Rodrigues?

 

Sócrates: Claro que sim, estava a tentar ser engraçado pá. Viste a pinta como ele palmou os gravadores. É que nem em slowmotion se percebe. Quando aqui vieres não percas de vista o casaco.

 

Vara: Lá que tem potencial, tem. É um parlamentar caro?

 

Sócrates: Médio. Prometi-lhe a direcção duma empresa pública, isto se o plano correr bem até ao fim, com prémios na ordem dos 2 milhões/ano.

 

Vara: És um forreta pá, isso recebem os putos da JS ao fim do primeiro ano nos seniores.

 

Sócrates: Logo revejo isso. Queira era saber como estava a correr o plano.

 

Vara: Do melhor. Hoje foi o Trichet a dizer que Portugal não é a Grécia, também já disseram os do FMI, o Constâncio, a Merkel, o Zapatero, o Phelps do Nobel da Economia, os da Moodys e até o Passos Coelho já o disse, mas nesse o mérito é teu.

 

Sócrates: No dia que descobrirem que Portugal é de facto igual à Grécia ninguém vai ter a coragem de assumir o engano e contradizer-se dizendo o dito por não dito.

 

Vara: Só não sei como o Teixeira ainda não desconfiou de nada.

 

Sócrates: Está entretido com as contas de há 3 anos e como só liga aos pormenores generalidades como a data tem-lhe passado ao lado.

 

Vara: Tu com um défice de 13% e uma divida publica de 125% do PIB estás pior que eu aqui no banco.

 

Sócrates: Tudo se resolve. Ainda não perdi a esperança da GALP encontrar petróleo no Tejo.

 

Vara: Não te esqueças de mim, isto aqui no Banco também está pela hora da morte, já tenho quase tantos salários em atraso como os jogadores do Estrela. Que raio de país este que não nos merece.

 

Sócrates: O importante agora é não nos desviarmos do plano. Nós não somos iguais à Grécia. É certo que os formamos em contabilidade pública mas as aldrabices que eles fizeram nem ao nível duma autarquia nossa estão.

 

Vara: E o Medina Carreira que tenho amordaçado no carro?

 

Sócrates: Só o soltas quando o Braga for campeão.

 

Vara: Mas isso nunca acontecerá.

 

Sócrates: Ainda bem que percebeste.


24
Fev 10
jls, às 11:39link do post | comentar

Depois de estar uns dias fora, nomeadamente em Cascais, fui surpreendido pela pretensa negociata que Luis Figo, médio ofensivo que estimo reconheço e de quem sou amigo chegando inclusivamente a cruzar-me com ele uma ou duas vezes na praia Maria Luisa, fez com o TagusPark. O intermediário, segundo o astro-rei, foi o ponta-de-lança cuja capacidade de fazer todo o corredor esquerdo já despertou a cobiça do Real Madrid, mas que infelizmente os 2 milhões de euros que aufere anualmente na PT impossibilitam para já uma transferência, Rui Pedro Soares. Sim, o mesmo que não me contactou para tomar o pequeno-almoço com o candidato a presidente da junta da Rebelva, freguesia chave na politica local, mas eu por uma daquelas coincidências que só acontecem ao Figo ou ao Sócrates acabei por beber uma bica curta, ainda que num dia diferente, no mesmo café em que o candidato emborca aos fins de semana uma agua das pedras e digere um pastel de nata, razão pela qual me pesa agora a consciência.

 

Este peso de 0,03 Kgs, que seriam 3,5 euros dos 400 milhões que o governo gastou em 2009 em assessoria externa, traduz o preço de meia torrada, galão e bica pingada. Felizmente para o erário publico sou quem sou e mesmo antes da proposta me ter sido feita, ao contrário do Figo que neste jogo tem ocupado a posição de médio defensivo, estava em alerta laranja para rejeitar qualquer chamada do ponta-de-lança que iniciou a carreira na TvCabo como apanha bolas e se afirmou para o mundo e para o governo como extremo ala na PT.

 

Alguns anões dir-me-ão que também a minha história é uma ignomínia, ou se forem mais atrevidos um opróbrio, mas a esses digo que os crimes das escutas apesar de descontextualizados dos crimes reais estão a aborrecer um cada vez maior número de inocentes (os envolvidos na escutas), roubando-lhes assim tempo às suas actividades ilícitas e remetendo-os às suas normais actividades profissionais, onde são claramente incompetentes, prejudicando assim um cada vez maior numero de cidadãos. É pois natural que o nosso estimado procurador, com treino militar em arquivamento, entre flash interviews para todas as cadeias de televisão e a abertura de inúteis inquéritos ande aborrecido por lhe faltar o tempo para fazer aquilo que mais gosta, arquivar. Deixo-vos com esta linha de pensamento enquanto dou de comer à luz e apago o gato.


22
Jan 10
jls, às 15:09link do post | comentar

É com um nó na garganta e outro na gravata que tenho seguido a mais recente novela das escutas. Várias personalidades privadas me tem pedido o favor de uma opinião mas gentilmente tenho recusado invocando o segredo de justiça, de Fátima, profissional e também indisposição intestinal. Ontem tudo se alterou. Mandei um amigo dum vizinho meu, primo dum angolano que fez em tempos um biscates no Togo e por lá casou com uma moça filha dum motorista de pesados que fazia a rota Togo/Uganda, disponibilizar as escutas no youtube, ou TuCano segundo os locais.

 

Os inocentes escutados, digo isto sem me rebolar a rir (apenas umas gargalhadas), pessoas honradas que já fizeram tanto pelo país como por si próprios, ou talvez um pouco menos, ou bem vistas as coisas muito menos, já quase me tinham convencido de quão maquiavélicos eram os juízes, gente sem escrúpulos, que os escutavam na sua inocente prevaricação de amizades desinteressadas quando apenas e só cometiam uns crimezecos, coisa sem importância, que além de desvirtuar uns resultados desportivos reencaminhava também uns milhõezitos para lugares onde supostamente seriam mais acarinhados. As suas contas.

 

Essa gente a que justiça rotula de “ainda não” transitados em julgado, que a si próprios se auto intitulam de inocentes, e a que o povo na sua sábia sabedoria trata apenas por canalhas, decidiu apresentar queixa-crime contra quem divulgou publicamente os seu crimes, irritando assim gente como eu e como o Rui da Verdade Desportiva Santos.

 

Mais irritado fiquei, mesmo à beira do aborrecimento, quando uma figura verde com responsabilidade maior, e não estou a pensar num herói de BD suspenso, que usando óculos das promoções da Multiópticas diz que a lei foi violada. Violada? Mas esta gente anda a consumir do que trafica ou injecta-se com Aloé Vera? Só se estamos a falar do código da estrada. Então se a justiça é uma farsa, os criminosos incompetentes, as penas ou são leiloadas ou estão a saque e é o povo que viola a lei ao escutar a verdade?

 

Mandava já abrir um inquérito não fosse o caso do Procurador rápido como é se me antecipar. Desconfio mesmo que a procuradoria tem uma secção de inquéritos pré-congelados e prontos a ir ao forno. No entanto e para não privar a justiça da minha colaboração mandei já criar uma comissão para estudar o fenómeno dos inquéritos em geral e a vida dos criminoso em particular. Desde o seu nascimento, desenvolvimento à morte precoce. Preside à comissão o Sá Pinto e dois pitbulls.


17
Nov 09
jls, às 15:21link do post | comentar

Então parece que o tempo vai mudar. Foi com estas palavras que Silvério se despediu antes de partir para os Estados Unidos da América para fundar o Partido Comunista local. Antes da partida fez questão de entregar a seu filho o tesouro mais valioso que possuía, a receita da Salada Kani com Mozarela de Búfala que estava na família há 31 gerações.

 
Mas como o destino é fértil em partidas, e às vezes em chegadas, Silvério perdeu-se na viagem, algures sobre o atlântico a uma altitude de 25.000 pés. Há quem diga que foi a 18.000 e Gonçalo Amaral defende mesmo que possa ter sido só a 15.000. Quanto ao filho, com o desgosto, perdeu-se no mundo das drogas, no caso o tabaco e a receita também perdida acabou esquecida num bafiento cofre de banco.
 
Assim esteve durante as ultimas 2 gerações, até que no passado dia 27 de Junho de 2009, pelas 10.32 H a.m., Armando Vara a transmitiu a José Sócrates numa conversa escutada pela Policia Judiciária. O que chamou a atenção das autoridades sobre o facto foi a salada ser de inverno e ter sido alvo de uma conversa em pleno verão.
 
Emitida a certidão e gravado o CD com a conversa, e dado o assunto ser de tão grande importância, logo o juiz encarregue do caso a fez chegar ao Procurador Geral da Republica que por sua vez a remeteu para o Supremo Tribunal de Justiça.
 
Noronha na posse de tão valioso segredo ligou a Cavaco, o mais alto dignitário da nação, e desafiou-o a vestir o avental e com ele ir para a cozinha testar o achado.
 
Logo lhe foi adiantando: Para uma travessa grande desfiam-se 100grs de Kani. Junta-se uma cebola em rodelas, 80 gramas de azeitona verde também em rodelas e a mozarela. Tempera-se com sal, pimenta, azeite e limão. Serve-se acompanhada de batata palha.
 
Cavaco entusiasmado escutou. Apenas perguntou senão seria melhor juntar as azeitonas ao Kani antes da Cebola. Noronha disse que talvez sim, mas ia pedir a um constitucionalista um parecer técnico. Reuniram-se e no maior secretismo concretizaram o projecto.
 
E assim, brindando a Silvério que no céu continua perdido, Cavaco com a camisola nº 1 da nação e Noronha com a nº 4 degustaram a famosa salada enquanto assistiam ao DVD com o filme “A Face Oculta”. O filme subsidiado pelo ministério da cultura, da defesa, da presidência, das finanças e dos transportes é um dos mais fortes candidatos aos Óscares na categoria animação da boa.

18
Set 09
jls, às 14:07link do post | comentar

A história das escutas tem quase tudo para ser uma excelente história. Há fugas de informação, jogos de bastidores, altos cargos políticos envolvidos, mete jornalistas, espiões, uma ilha paradisíaca (ok, eu sei, tem o Alberto João a mais), surge num timing duvidoso (adequado não se sabe bem a quem), e para que fosse mesmo uma boa história apenas lhe falta uma bela mulher e um ou eventualmente dois homicídios.

 
No entanto a história peca por falta de conteúdo. Primeiro, porque se há alguém que não interessa decididamente escutar são os políticos. Foi visível nos recentes debates televisivos a falta de novas ideias, originalidade, capacidade de surpreender e acima de tudo, o mais confrangedor, a afinidade de ideias entre todas as forças politicas.
 
Segundo, a capacidade dos nossos serviços secretos. Antes de mais o termo secreto é abusivo, se há coisa que os portugueses prezam é a de tratar os espiões pelo nome. A prática remonta a 1999 e aos tempos do ministro da defesa Veiga Simão quando foi publicada a famosa lista com os espiões e pessoal afim. Hoje ficamos a conhecer mais um espião, Rui Paulo da Silva Figueiredo, empregado do mês no SIS.
 
Assim e uma vez que até ao momento ainda não temos história, está ao lume a cozinhar, resta-nos a querela entre os jornais Publico e DN. O DN fez notícia da notícia que o Publico preparava forjando pelo meio um mail. O primeiro-ministro que gosta tanto do Publico como de uma boa alheira de mirandela elogiou hoje na TSF o seu director, José Manuel Fernandes, a quem provavelmente estará para acontecer algo parecido com o que aconteceu a Manuela Moura Guedes, mas isso digo eu que trabalho para o SIS, perdão para o McDonalds.
 
E agora falando de politica a sério, nada como seguir as animadas reuniões do executivo camarário de Almeirim. A ordem de trabalhos era o excesso de população de pardais em certas zonas da cidade. A noticia é do Mirante.
 
É impressão minha ou a maturidade da nossa democracia ja está quase ao nível da antiga Rodésia?

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