Redige habitualmente em latim, língua que não domina nem tão pouco conhece, artigos científicos que as revistas da especialidade teimam em não publicar. Para a TV7 DIAS e MARIA escreve artigos económicos. No tempo que lhe sobra escreve aqui.
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Abr 12
jls, às 23:35link do post | comentar

Combater a fome com comida? É para meninos! A verdadeira fome combate-se pela palavra.

 

Pelo menos é essa a opinião de uma certa esquerda jovem e iluminada para quem ativismo social é o número de marchas de indignados Marquês/Rossio/S.Bento em que participa e quanto maior e mais “engraçado” for o cartaz que se carrega mais profundos são os ideais políticos que defende. Para estes uma esmola será sempre uma esmola que não dignifica quem a dá e muito menos quem a recebe. Neste utópico mundo da ficção Bloquista, Comunista e de alguns independentes Socialistas a caridade é sempre a troca de um direito por um favor. Resolver problemas, neste mundo perfeito, é consagrar direitos e inscreve-los na constituição da Republica tal como Deus fez na pedra com os dez mandamentos antes de os entregar a Moisés. Assim se faz a lei. 

 

Tudo isto a propósito da campanha Zero Desperdício, uma extraordinária ideia de um cidadão comum (Antonio Costa Pereira), que não se conformando com os excedentes de cantinas e restaurantes moveu mundos e fundos para que os mesmos não acabassem no lixo mas sim nos pratos de quem deles necessitava. De quem tem fome e não tem comida. 

 

Além do Presidente da Republica juntaram-se a esta campanha inúmeras figuras públicas das mais variadas áreas. Fez-se um hino e nesse hino há um verso (O que eu não aproveito ao almoço e ao jantar / a ti deve dar jeito / temos de nos encontrar) que indignou de tal forma esta letrada esquerda que Daniel Oliveira, colunista que prezo, foi ao extremo de comparar o mérito da campanha a quem dá restos de comida a um cão. Pobre Daniel que se arrepia (cito-o) por pessoas que preza e admira como Sérgio Godinho, Jorge Palma ou Camané darem a sua voz a esta inanidade. 

 

Na sua crónica ficamos ainda a saber que: “a iniciativa até pode ser defensável, como é por exemplo, o Banco Alimentar Contra a Fome – onde damos aos outros o mesmo que compramos para nós, porque ninguém merece menos que isso, e não o que não aproveitamos ao almoço ou ao jantar”. 

 

As palavras, as tais com as quais o Daniel mata a fome aos outros, são perversas pois não é o resto que fica no prato que vai para os outros mas sim o que fica na panela e que ia para o lixo. Pela mesma ordem de ideias também descubro que certamente já hipotequei o meu lugar no paraíso dos Danieis pois ao participar em iniciativas como o Banco Alimentar cometi a leviandade de comprar marcas brancas ao contrário do que faço habitualmente para mim. Certamente arderei no inferno por tentar pelo mesmo valor ajudar mais gente, a não ser que Daniel nosso Senhor me perdoe. 


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