A viagem ao passado que a CGTP patrocinou este fim-de-semana aos que assistiram ao seu XII congresso, com a mesma ordem de trabalho dos onze anteriores e o extra da sucessão do seu secretário-geral, só é comparável à experiencia de aquisição de um KIT de sindicalista (camisa aos quadrados vermelhos, bandeira da CGTP, papelão para escrever palavras de ordem e calendário com as datas das manifestações, greves gerais, pontes e feriados).
A despedida de Carvalho da Silva, o saudoso líder, não deixará saudades a ninguém, apesar da sua ameaça de continuará a lutar contra os "ataques aos trabalhadores". Pobres trabalhadores. Se houve alguém que nada fez nos últimos 25 anos pelos direitos dos trabalhadores, antes pelo contrário, foi Carvalho da Silva.
Incapaz de assinar, ou sequer negociar, um único acordo de concertação social é irónico que diga que a diminuição da retribuição e a desregulamentação do trabalho é um retrocesso social, e que não aceita a redução das férias e do número de feriados que são um sinal "da falta de ética e de verdade" do Governo e dos patrões quando sempre os preferiu às falências e ao desemprego.
Se hoje somos o país mais atrasado em termos de leis laborais da Europa a ele o devemos. Arménio Carlos, o novo secretário da CGTP, promete seguir o seu legado.
A luta continua, mas apenas pelos interesses instalados e pelo sindicalismo do tempo da revolução industrial.