De 1988 a 2011 vão 23 anos. Em nenhuma outra era, nenhum outro século ou década o mundo e a sociedade evoluíram tanto e tão rapidamente como nos últimos anos. Também Portugal evoluiu e se modernizou. Todos os sectores da sociedade sem excepção se modernizaram, evoluíram e se adaptaram aos novos tempos. Bem, quase todos. Parados no tempo ficaram essas entidades hibridas e inúteis chamadas sindicatos.
É um exercício interessante analisar os motivos da primeira greve geral, a 28 de Março de 1988, quando CGTP e UGT se uniram para lutar contra o governo e compara-los com esta, a terceira. Na origem do protesto estavam então as leis laborais que o governo de Cavaco Silva pretendia aprovar. Carvalho da Silva e Torres Couto uniam-se para combater; a reintegração dos trabalhadores despedidos ilicitamente; a inaptidão do trabalhador que não podia servir como justa causa de despedimento e, por último, a ameaça aos direitos dos dirigentes sindicais que as novas leis laborais traziam.
Passados 23 anos o mesmo Carvalho da Silva agora com João Proença, Torres Couto há muito que se rendeu ao capitalismo, lutam por; o direito a ter um trabalho e não apenas uma ocupação do tempo; o não à precaridade e ao desemprego; a exigência a que a cada posto de trabalho permanente, corresponda um vínculo de trabalho efectivo; e ao aumento real dos salários e horários dignos que permitam conciliar a vida pessoal e familiar com o trabalho.
Além disto rejeitam o programa de agressão (ajuda da troika?), pois acham que temos forças para construir um Portugal com futuro e não aceitam que nos digam que é inevitável viver em piores condições, sem direitos, com piores salários ao mesmo tempo que se dão milhões à banca e ao grande capital. Este falso paradigma é tão velho que desconfio que seja mesmo anterior ao próprio comunismo e à velha ideia de que cada trabalhador representa o bem e que cada patrão personifica o mal.
A essência do discurso hoje é a mesma de há 23 anos atrás. Um discurso velho e gasto que por tanta e inadequada pedagogia já não convence ninguém. Estes sindicalistas profissionais que se eternizaram no poder, além do passado, já nem sabem quem representam, se os que não querem trabalhar se os que não deixam os outros trabalhar.
(segundo dados do expresso há na função publica 1.830 funcionários adstritos aos sindicatos, 450 dos quais a tempo inteiro. Se pensarmos que mais de 95% do nosso tecido empresarial são microempresas com menos de 5 funcionários a inutilidade destes funcionários cujo salario pagamos daria para constituir e manter pelo menos 500 novas empresas.)