O porta-voz de Pinto de Costa na área dos pequenos e médios disparates, o sempre imparcial Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto, veio ontem, num bonito dia de frio e chuva, à capital dizer que: "Este campeonato é o campeonato das toupeiras, resolvido nos túneis. Querem estragar os relvados. A verdade desportiva está alterada. E os adeptos devem manifestar-se".
Fiquei perplexo e à beira de auto-decretar o estado de calamidade privada com o precedente que Rui Moreira abriu, certamente à revelia do Padrinho, por referir-se nesses termos a quem lhe subsidia as viagens à capital. Em sentido figurado toupeira significa ignorante ou estúpido, sinónimos adequados ao comportamento impróprio dos agora castigados atletas do maior clube da região norte. É estranho que o vértice nortenho do trio de ataque pretenda agora levar a verdade desportiva para passagens subterrâneas, que o povo na sua imensa sabedoria trata por túneis, onde os seus atletas são mais aguerridos e competitivos preservando e poupando os relvados da falta de classe dos mesmos.
Ainda mais perplexo fiquei, aqui já em estado de alerta laranja e perdoem-me a fraqueza mas tive que ingerir um Voltaren para descontrair alguns músculos, quando o referido presidente da Associação Comercial do Porto criticou a descida administrativa desse grande clube que fez quase tanto pelo futebol em Portugal como Robert Mugabe pela democracia no Zimbabwe. O Boavista. Valeu a Rui Moreira, neste estado de desorientação total, o líder dos super-dragões que mandou recolher aos autocarros os 200 participantes da espontânea manifestação, organizada de forma livre e voluntária pelo braço armado da claque, enquanto o comentador consultava os seus dossiers e ouvia um podcast com o best of das escutas de 2009. Espera-se para breve uma tomada de posição.
Hoje já tudo voltou ao normal. A Polícia Judiciária (PJ), por intermédio da Unidade Nacional de Combate ao Crime Económico, procedeu a buscas nas instalações do FC Porto.