Redige habitualmente em latim, língua que não domina nem tão pouco conhece, artigos científicos que as revistas da especialidade teimam em não publicar. Para a TV7 DIAS e MARIA escreve artigos económicos. No tempo que lhe sobra escreve aqui.
25
Dez 08
Estabelece o artigo primeiro da Declaração Universal dos Direitos do Homem que pessoas com deficiência gozam dos mesmos direitos fundamentais que os restantes cidadãos.
 
No entanto não é essa a interpretação que o Barclays de Paço de Arcos faz deste direito fundamental. Se interpreto bem o cartaz afixado na porta, indivíduos em cadeiras de rodas (atenção que o acesso é possível pois a agência está numa loja, R/C, não havendo qualquer obstáculo ou impedimento), cegos ou surdos estão proibidos de entrar na agência, assim como indivíduos com capacete. Animais, nomeadamente cães (no caso o do Tintim), só com trela.
 
Imagino as razões de tal discriminação. É provável que já tenham sido assaltados por um individuo em cadeira de rodas que se pôs em fuga e ninguém conseguiu agarrar, talvez um cego já tenha enganado um caixa a contar as notas e quem sabe se um surdo não terá dito que não ouviu bem um spread. É importante afastar estes mal-feitores das agências bancárias. Imaginem se eles criam um gang. Seria um verdadeiro terror.
 
Já os cães podem passear livremente pela agência, mas atenção só com trela. Pergunto-me ainda, e no caso de ser um cego com um cão guia? Talvez o cão possa entrar ir até à caixa fazer um depósito enquanto o cego fica à porta, isto se o cão estiver treinado para interpretar os sinais à porta.
 
Acho no entanto que falta o sinal mais importante naquela agência. O de atrasado mental do responsável por afixar tal discriminação.

22
Dez 08
jls, às 23:16link do post | comentar

Comecei recentemente, pela internet, um curso de alemão. Após a primeira aula senti-me confiante em fazer a primeira tradução. Aventurei-me num conto dos irmãos Grimm. Eis o perturbante resultado:

 
(The old grandfather and His grandson – Jacob and Wilhelm Grimm)
 
Era um velho como tantos outros, abandonado. Apesar de não ser infeliz no lar onde vivia, tinha saudades. Tinha saudades não sabia bem de que, pois a Alzheimer levara-lhe muitas memórias. Lembrava-se no entanto, ainda que vagamente, da moradia no Estoril, da casa de férias e dos carros que o seu filho após viciar a sua assinatura lhe havia tirado. Perdoou-lhe como já lhe tinha perdoado aquele disparo acidental que por pouco não lhe ceifou a vida.
 
A sua pequena reforma de 12.500 euros para pouco dava. Para o lar iam 350 euros e o restante guardava o filho numa conta do BPN para despesas logísticas e para um dia, dizia-lhe ele, alguma emergência. O lar não era assim tão mau. É certo que a disciplina era rigorosa mas os maus-tratos nem sempre eram diários. Pior mesmo era a comida. Quente, só uma vez por semana.
 
Nesse ano, o seu bondoso filho disse-lhe:
 
- Pai, este ano passa o Natal connosco. O Francisco já tem 4 anos e é altura do conheceres. Não só a noite da consoada, mas também a véspera. E só regressas ao lar no dia seguinte antes de almoço.
 
As mãos trémulas do velho procuram as do filho mas não as encontraram pois a sua vista embaciada uma vez mais o traiu, abraçou o candeeiro por engano mas soube-lhe bem aquele calor. E foi com os passos vacilantes que deixou o lar. À saída tropeçou e caiu.
 
Nessa noite, véspera da consoada, a família jantava reunida à mesa. Mas as mãos trémulas e a falta de visão do avô atrapalhavam-no à mesa. As ervilhas caíam da sua colher e sujavam o tapete Armani que a família com tanta dificuldade e esforço havia comprado. Enquanto segurava o copo, o vinho salpicou a toalha Augustus. O filho e a nora irritaram-se com ele.
 
Precisamos tomar uma providência com respeito ao teu pai, disse Soraia Vanessa. É verdade, respondeu Martim. É inadmissível tanto vinho derramado na nossa toalha Augustus o barulho que faz a comer com a boca aberta e as nódoas no tapete que tanto nos custou a comprar.
 
Decidiram então colocar uma pequena mesa no canto da varanda, lá fora. Ali o velho comia sozinho, enquanto a família fazia a refeição à mesa, com satisfação. A harmonia tinha regressado aos corações daquela feliz família.
 
Após ter partido dois pratos Geneviev Lettieu o velho passou a comer as refeições em pratos de madeira.
 
Quando a família olhava para o velho ali sentado, ao frio, notavam-se as lágrimas nos seu olhos, mesmo assim as únicas palavras que lhe dirigiam eram chamadas de atenção ásperas, sempre que deixava cair ao chão um talher ou um pouco de comida.
 
O menino de 4 anos de idade assistia a tudo em silencio…
 
No dia seguinte o pai percebeu que o filho pequeno estava no chão, manuseando pequenos pedaços de madeira.
 
Perguntou-lhe delicadamente:
 
- O que fazes?
 
O menino respondeu docemente:
 
- Estou a fazer uma tigela para o pai e para a mãe comerem, quando tiverem a idade do avô.
 
O garoto sorriu e voltou ao trabalho.
 
Aquelas palavras tiveram um impacto tão grande nos pais que acabaram por ficar absolutamente mudos por instantes. Lágrimas começaram a escorrer dos seus olhos comovidos.
 
Embora ninguém tivesse dito nada todos perceberam o que tinha de ser feito. Naquela noite, a da consoada, o pai agarrou no avô pelas mãos e gentilmente o conduziu à mesa da cozinha. Ia jantar só, mas não seria na varanda ao frio. A cozinha sempre era um pouco mais acolhedora para comer a sopa de bacalhau que com tanto carinho lhe haviam feito dos restos. Também os talheres e pratos não foram os de madeira mas uns de plástico, comprados numa promoção do IKEA.
 
O velho, feliz, pediu ainda mais uma coisa ao seu bondoso filho. Se no dia seguinte podia regressar ao lar só depois de almoço.
 
- Oh que chatice, respondeu o filho. Temos de ir a casa dos Almeida por volta das 17H e fica um pouco apertado. Mas no próximo Natal já está assente que almoças connosco no dia 25.

16
Dez 08
jls, às 00:53link do post | comentar

É possível que parte das 5 toneladas de carne de porco Irlandesa com dioxinas, e às quais a ASAE perdeu o rasto, tenham sido ingeridas pelo chefe de divisão do gabinete jurídico da APL (Administração do Porto de Lisboa) Sr Rui Magina, com os evidentes efeitos nefastos para o bom senso e saúde mental em geral.

 
Noticiava o expresso, que o chefe do gabinete jurídico da APL mandou retirar este outdoor colocado pelo CDS junto à gare marítima de Alcântara dado o seu inaceitável impacto visual sobre a zona.
 
Já o impacto visual de uma muralha de contentores (até 12mts de altura por 1,5kms de comprimento) é considerado pela APL, Executivo e Liscont como neutral e não negativo na forma os lisboetas olham para o rio assim como para a zona de lazer das docas.
 
Acrescento eu, que o referido senhor e caso ingira mais salsichas e enchidos com dioxinas, ainda encontrará pontos positivos para convencer os lisboetas das vantagens da negociata com a Liscont.
 
Eis a minha desinteressada contribuição:
 
- A barreira de contentores impedirá que as pessoas atirem mais lixo para o Tejo.
- Os jovens que caíam ao rio ao sair dos bares das docas, correndo o risco de se afogarem, encontrarão agora barreiras metálicas para lhes salvar a vida.
- Revitalização da industria da “sandes do courato” assim como de toda a restauração com rodas, vulgo roulottes, com o aumento do movimento durante o dia (mais de 350 camiões).
- Criação de 500 a 1000 postos de trabalho na área da galderice e rameiragem dado o acréscimo de camionistas.
- Protecção da zona ribeirinha contra tsunamis e cheias.

09
Dez 08
jls, às 19:59link do post | comentar

Não é uma nova aventura dos 5 mas podia bem ser. Depois da vergonha da passada sexta-feira, conclui agora a Lusa que as contas não batem certo. Faltaram 35 deputados, mas houve 48 que não votaram. Ou seja, onde param os outros 13?

 
Fonte do parlamento já veio a publico dizer que o Magalhães que faz a contagem, gentilmente cedido por um dos assessores do Primeiro-Ministro, está constantemente a ir a baixo. Ou trazia vírus ou foi o que o Chavez devolveu.
 
Alguns deputados, anti-globalização, já fizeram uma petição para Jaime Gama voltar a instalar Ábacos no parlamento. Sempre eram mais fiáveis que estas coisas da internet e dos computadores, terá dito um deles enquanto enviava um mail via blackbarry.
 
Também o detective Correia foi chamado ao parlamento para investigar o mistério. À entrada da assembleia, enquanto carregava a arma, terá comentado com um jornalista que a sua intuição lhe dizia que os 13 ou estavam no Café de S. Bento a simular a ultima ceia ou então no XL num torneio de sueca a 3 mãos. O outro deve estar como árbitro. Sei que sextas à tarde costumam pirar-se mais cedo pelo túnel que vai daqui até às obras da R. Nova da Piedade sem ninguém dar por ela.
 
Senão aparecessem, isso sim, era um serviço que prestavam à nação, terá dito ainda enquanto regozijava pelos corredores e disparava para o ar em sinal de contentamento.

03
Dez 08
jls, às 23:27link do post | comentar

      

Caiu por terra uma das mais antigas teorias económicas, a mão invisível. Apresentada por Adam Smith no livro a Riqueza das Nações, em 1776, foi substituída recentemente pela Ironia da Economia da autoria de João Rendeiro, funcionário público e ex-presidente do Banco Português Privado (BPP).

 
O principio da mão invisível mostra-nos que os agentes económicos, movidos pelo egoísmo dos seus próprios interesses, acabam por promover ainda que indirectamente o interesse comum e o bem-estar social. Ou seja, diariamente ao procurarmos os nossos interesses (económicos) promovemos os da sociedade duma forma mais eficiente do que realmente faríamos se verdadeiramente tivéssemos só essa intenção.
 
No livro, “João Rendeiro – Testemunho de um banqueiro” A história de quem venceu nos mercados.é apresentada a teoria económica da ironia, que ainda poucos percebem, e que traduz um pensamento mais jovem, mais fresco, mais ousado e também, segundo a ordem dos economistas, mais parvo. 
 
A tese da ironia da economia, apresentada simbolicamente no dia em que o Banco a que Rendeiro presidia (BPP) faliu, sustenta que mais importante que vencer nos mercados, só mesmo ganhar dinheiro nos mercados. Isso infelizmente ainda não aprendi a fazer, terá dito Rendeiro a um accionista de referência do Banco precisamente antes de levar uma belinha.
 
Também a CMVM e o Banco de Portugal tentam perceber os fundamentos da teoria, mas até agora ainda não conseguiram perceber a complexidade algorítmica do pressuposto “quem venceu nos mercados”. Fonte próxima da CMVM já referiu: só se ele queria referir-se aos jogos da bola que fazíamos às quintas no campo do Inatel. Mas até aí a equipa do BPP perdia sempre. Vamos investigar que isto cheira a branqueamento, anda por aqui uma mão invisível...
 
Na apresentação do livro, que contou com os principais accionistas do Banco muitos deles reconhecidas figuras públicas, foi decidido que como sinal de apreço pelo autor o melhor seria afasta-lo da direcção do Banco e logo que haja oportunidade malhá-lo. Em sua defesa, e enquanto mastigava um croquete, Rendeiro ainda terá dito: Crescer para baixo também é crescer. Ainda não apanhei foi um rissol com camarão, é só massa.
 
E é por isto que me agrada a Economia é que não a percebo, da mesma forma que adoro as mulheres e não as entendo.
 
P.S. Será que a fundação Eclipse, perdão Ellipse também é uma ironia?

 


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